Tenha a Ansiedade certa

TENHA A ANSIEDADE CERTA

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“Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (II Co 11:28)

 Bom dia servos do Senhor. 

 Graça e paz vos sejam multiplicadas. Como Paulo estava lidando com falsos apóstolos em Corinto, ele resolveu apresentar suas credencias de apóstolo de Cristo, dizendo que era um judeu de puro sangue, um servo de Cristo, demonstrando tudo que sofreu por causa do evangelho da cruz, seja nas mãos de oficiais e de multidões, ou por meio de calamidades naturais; como também muitas vezes esteve em perigo nas frequentes viagens missionárias, sofrendo privações corporais, sofrendo com fome, sede e nudez, e finalmente, Paulo revelou o que o atormentava na mente, a saber, o seu cuidado com as igrejas de Cristo.   Paulo tinha uma ansiedade em cuidar de todas as igrejas, ele se importava com os fracos de tal maneira que se identificava com sua fraqueza e ficava indignado com aqueles que os faziam escandalizar pelo pecado deliberado. O apóstolo fez um relato de seus trabalhos e sofrimentos, não por orgulho ou vanglória, mas para a honra de Deus, que o capacitou para fazer e sofrer tanto pela causa de Cristo; mostrou em que era superior aos falsos apóstolos, que procuravam desprestigiar seu caráter e seu serviço.

 Neste relato nos assombra refletir sobre os seus perigos, dificuldades e sofrimentos, e observar a sua paciência, perseverança, diligência, júbilo e utilidade em meio a todas as provas. Veja quão pouca razão temos para amar a pompa e a abundância deste mundo, quando este bendito apóstolo sofreu tantas penúrias por amor a Cristo Jesus e Seu evangelho. Quero me ater aqui, porém, à mente do apóstolo Paulo, mais precisamente acerca desse cuidado que ele tinha pelas congregações cristãs, pois esse cuidado, isto é, essa ansiedade de Paulo, nos ensina algo a respeito desse ‘modo de estar’, a saber, a ansiedade, que tem o seu lado negativo – conhecido por todos – mas também possui um lado positivo e importante para a Igreja. A palavra grega merimna significa “cuidado, pensamento ou ansiedade”, e a palavra grega merimnan, significa “preocupar-se com ou estar ansioso por”. É muito importante que compreendamos o significado dessas palavras e suas aplicações à luz da Palavra de Deus. A palavra merimna foi utilizada na passagem do evangelho, onde Jesus fala dos cuidados deste mundo que sufocam a semente da Palavra: “E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mt 13:22); é vista também quando fomos advertidos à não nos embaraçarmos com as coisas dessa vida, “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia” (Lc 21:34); quando Pedro nos orienta a lançarmos as nossas ansiedades sobre Cristo, “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pe 5:7); além da própria citação de Paulo na epígrafe. Como a Escritura diz constantemente para não andarmos ansiosos com nada, não andarmos inquietos por coisa alguma e nem com cuidados quanto a nossa vida, devemos entender a finalidade de cada citação da palavra ansiedade ou cuidado, a fim de que essa orientação afete positivamente a nossa conduta, porque evidentemente a palavra merimna possui uma qualidade dupla (benéfica/maléfica), afinal ‘os cuidados deste mundo que sufocam a semente’ não são a mesma coisa que a ‘preocupação de Paulo com todas as igrejas’, apesar de ser usada a mesma palavra.

Não nos enganemos amados irmãos, a ansiedade errada advém quando nos envolvemos de forma demasiada com os negócios do mundo e assim nos esquecemos de Deus, “Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mc 4:19), a pessoa que fica muito envolvida pelas coisas temporais, pensando quase que exclusivamente nessas coisas, desprezará as coisas da eternidade, e estará numa posição perigosa. Quando nos dedicamos em prol de algo secular de tal forma que abandonamos o Senhor, estamos com uma ansiedade errada. Repare que nossas ocupações no mundo nem sempre são más, podem ser boas, mas alguém disse: “O bom pode frequentemente ser o pior inimigo do melhor”. Também a ansiedade errada advém quando nos preocupamos demasiadamente com o nosso futuro, pois Jesus nos ensinou que essa ansiedade é cega, inútil e desagrada a Deus, “por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? [...]E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? [...]Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas” (Mt 6:25-32). Todas essas ansiedades e outras que nos atrapalham com Deus, devem ser lançadas sobre Ele, porque é o Senhor quem zela por cada um de nós. Em contrapartida, a ansiedade certa se dá quando preocupamos uns com os outros, “para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros” (I Co 12:25), ou seja, a melhor forma de lidarmos com nossas ansiedades é carregando o fardo das ansiedades do próximo, tornamos a nossa vida mais cristã e fácil de viver quando sentimos o que o nosso irmão também sente, especialmente os nossos irmãos na fé, “porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado” (Fp 2:20), nenhum cristão pode se sentir alegre verdadeiramente com Deus ao contemplar outros cristãos que padecem aflições, perseguições e ansiedades. Como também a ansiedade certa se dá quando nos preocupamos com a Igreja, o Reino de Deus, pensando e planejando a melhor forma de servir em nosso ministério. É sabido que somos orientados a não ter ansiedade pela nossa vida e pelo amanhã, pois a nossa vida e o amanhã pertencem a Deus; essa ansiedade que mostra esmorecimento nunca é benéfica, mas somos orientados a ter a ansiedade que capacita, nos move em direção à realizar algo. É o nosso dever como servos de Deus fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, pois o que não estiver ao nosso alcance certamente estará ao alcance de nosso Pai. Dessa forma, devemos ter o mesmo cuidado, a mesma ansiedade em favor do próximo, dos domésticos da fé e do Reino de Deus, como o próprio Senhor tem para com todos os Seus filhos. “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12:11). Aleluia! Medite nessa palavra de Deus.

Palavra de um irmão do facebook: Micael Nunes